José Eduardo dos Santos
Origem:
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Período
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10 de setembro de 1979
a actualidade |
Antecessor(a)
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Vida
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Nascimento
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28 de agosto de 1942 (72 anos)
Luanda |
Dados pessoais
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Partido
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Profissão
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Serviço militar
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Apelido(s)
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Zédu
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José Eduardo
dos Santos (Sambizanga, Luanda, 28 de agosto de 19421 ) é um engenheiro e político angolano e presidente da
República de Angola desde 21 de setembro de 1979
2 e para o qual foi reeleito com uma
maioria absoluta de 71,84% em 2 de setembro de 2012.3 Como presidente, José Eduardo dos Santos,
é também chefe do executivo e comandante em chefe das Forças Armadas
Angolanas (FAA). Em simultâneo é presidente do MPLA
(Movimento Popular de Libertação de Angola), o partido no poder desde a
independência do país, em 11 de Novembro de 1975.
Índice
- 1 Educação e carreira militar
- 2 Percurso Político
- 3 Casamentos e descendência
- 4 Controvérsias
- 5 Notas
- 6 Referências
- 7 Ligações externas
Educação e carreira militar
José Eduardo
dos Santos é filho de Eduardo Avelino dos Santos e de sua mulher Jacinta José
Paulino, ambos já falecidos 1 . Frequentou a escola primária em Luanda
onde fez o ensino secundário no Liceu Salvador Correia, na altura a principal
escola secundária do país. Iniciou a sua actividade política integrando grupos
clandestinos que se constituíram nos bairros suburbanos da capital, nos fim dos
anos 1950, e juntou-se ao MPLA
quando este foi constituído em 1958 4 .
Após a
eclosão, em Luanda, da luta contra o poder colonial português, em 4 de fevereiro de 1961,
José Eduardo dos Santos abandonou em Novembro desse mesmo ano Angola e passou a
coordenar na segurança do exílio a actividade da Juventude do MPLA, organismo
de que foi um dos fundadores e durante algum tempo vice-presidente.
Integrou, em
1962, o Exército Popular de Libertação de Angola (EPLA), braço armado do MPLA,
e em 1963 foi o primeiro representante do MPLA em Brazzaville, capital da República do Congo.
Em Novembro do mesmo ano, beneficiou de uma bolsa de estudo para o Instituto de
Petróleo e Gás de Baku, na antiga União Soviética,
tendo-se licenciado em Engenharia de Petróleos em Junho de 1969
nota 1 . Ainda na URSS, depois de
terminados os estudos superiores, frequentou um curso militar de
Telecomunicações, que o habilitou a exercer, de 1970
a 1974, funções nos Serviços de Telecomunicações na
2ª Região Político-Militar do MPLA, em Cabinda.
Percurso Político
De 1974 a
meados de 1975, José Eduardo dos Santos voltou a desempenhar a função de
Representante do MPLA em Brazzaville. Em Setembro de 1974, numa reunião
realizada no Moxico, foi eleito membro do Comité Central e do
Bureau Político do MPLA. Em Junho de 1975, passou a coordenar o Departamento de
Relações Exteriores do MPLA e, cumulativamente, também o Departamento de Saúde
do MPLA.
Com a
proclamação da Independência de Angola, a 11 de Novembro de 1975, foi nomeado
ministro das Relações Exteriores. A nível partidário, no período de 1977
a 1979, foi secretário do Comité Central do MPLA.
Com a morte
de Agostinho Neto, primeiro presidente de Angola,
José Eduardo dos Santos foi eleito presidente do MPLA a 20 de Setembro de 1979
e investido, no dia seguinte, nos cargos de presidente do MPLA-Partido do
Trabalho, de presidente da República Popular de Angola e comandante-em-chefe
das FAPLA (Forças Armadas Populares de Libertação de Angola).
De 1986
a 1992, José Eduardo dos Santos teve um papel de
destaque na solução da crise transfronteiriça entre Angola e a África do Sul,
que culminaria no repatriamento do contingente cubano,
na independência da Namíbia, e na retirada das
tropas sul-africanas de
Angola.
Recebeu o
Grande-Colar da Ordem do Infante
D. Henrique a 25 de Janeiro de 1988.5
Com o fim da
Guerra Fria e pressionado pela comunidade
internacional, mas simultaneamente a braços com dificuldades económicas
internos e a continuação de uma guerrilha de desgaste por parte da UNITA, José
Eduardo dos Santos procurou uma solução negociada com a UNITA.
Impôs a passagem de Angola para um regime democrático que, baseando-se numa
constituição adoptada em 1992, permitiu o pluralismo político e a economia de
mercado. Em consequência desta mudança radical, primeiras eleições democráticas
multipartidárias foram realizadas nos dias 29 e 30 de Setembro de 1992
sob supervisão internacional. As eleições para a Assembleia Nacional deram a
vitória ao MPLA com maioria absoluta. No entanto, nas eleições presidenciais
José Eduardo dos Santos não foi eleito na primeira volta, embora tenha
conseguido 49% dos votos, contra 40% de Jonas Savimbi. De acordo com a constituição
vigente, uma segunda volta teria sido indispensável, mas a UNITA não reconheceu
os resultados eleitorais, retomando de imediato a Guerra Civil Angolana.
Deste modo, José Eduardo dos Santos manteve em funções, mesmo sem legitimidade
constitucional. Dirigiu pessoalmente uma intensa actividade diplomática que
culminou no reconhecimento do governo angolano pelos Estados Unidos em 19 de Maio de 1993,
e a seguir no reconhecimento pela maior parte dos países. 6 .
Recebeu o
Grande-Colar da Ordem
Militar de Sant'Iago da Espada a 16 de Janeiro de 1996.5
A Guerra
Civil Angolana terminou em 2002, com a morte violenta de
Jonas Savimbi a 22 de Fevereiro e a
assinatura dos acordos de paz no dia 4 de Abril do mesmo ano, nos quais a UNITA
desistiu da luta armada, concordando com a desmobilização dos seus militares,
ou da sua integração nas Forças Armadas Angolanas, chegando-se deste modo a pôr
termo a 27 anos da guerra civil.
Desta forma,
José Eduardo dos Santos teve um papel de destaque não só na liberdade e
autonomia de Angola como no alcance da paz e da criação de um regime
democrático no país – tendo o MPLA sido o partido que emergiu como vencedor de
todos os sufrágios eleitorais desde que estes se realizam.7 .
Uma vez que
continuou a haver, em Cabinda, uma resistência
contra a integração daquele enclave no Estado angolano, José Eduardo dos Santos
concluiu a 1 de Agosto de 2006
o Memorando de Entendimento para a Paz e Reconciliação na província de
Cabinda formalmente assinado pelo ministro da Administração do Território
de Angola, Virgílio de Fontes Pereira, e pelo presidente do Fórum Cabindês para
o Diálogo (FCD), general António Bento Bembe
nota 2 , no Salão Nobre da Câmara da cidade
de Namibe, na presença de governantes, políticos e
diplomatas acreditados na capital angolana, líderes religiosos e tradicionais,
para além de representantes da sociedade civil. Este acordo destinou-se a pôr
definitivamente fim à luta armada iniciada em 1975
pela FLEC, com o fim de obter a independência de
Cabinda 8 .
Nas eleições
legislativas em Angola em Setembro de 2008,
(as primeiras eleições legislativas desde 1992),
o MPLA venceu com 81,64% dos votos, conquistado 191 dos 220 lugares da Assembleia
Nacional de Angola 9 . Durante algum tempo, José Eduardo dos
Santos parecia ser o candidato do MPLA em eleições presidenciais a serem
marcadas proximamente 10 , no entanto, em inícios de 2010 foi
adoptada uma nova constituição. Esta abandona, por um lado o princípio da
divisão entre os poderes legislativo, executivo e judiciário, concentrando os
poderes efectivos no presidente. Por outro lado, esta constituição já não prevê
eleições presidenciais, mas um mecanismo pelo qual é eleito presidente da
República e chefe do Executivo o cabeça de lista, pelo círculo nacional, do
partido político ou coligação de partidos políticos mais votado no quadro das
eleições gerais. As eleições legislativas seguintes foram entretanto agendadas
para 2012, tendo José Eduardo dos Santos dado a conhecer a sua intenção de não
voltar a candidatar-se, apontando como o seu sucessor Manuel Domingos
Vicente, na altura presidente da Sonangol 11 . Mais tarde voltou, porém, atrás,
assumindo o estatuto de cabeça-de-lista dos candidatos pelo MPLA.
Durante a posse, José Eduardo dos Santos apontou sempre a "estabilidade
política" como prioridade do mandato presidencial. Esta estabilidade
política também foi assegurada pelo cumprimento de um programa de reformas para
a melhoria da organização, gestão e controlo das finanças públicas.12
A 31 de agosto de 2012
decorreram eleições gerais,
também estas ganhas pelo MPLA, e de acordo com a Constituição aprovada em 2010,
José Eduardo dos Santos, como número um da lista eleitoral do MPLA, foi
automaticamente eleito presidente da República, legitimando desta forma a sua
permanência no cargo por um período de mais cinco anos 13 . A sua posse formal foi a 25 de
Setembro de 2012 14
Recentemente
o economista angolano José Pedro de Morais Júnior destacou as medidas
pragmáticas tomadas por José Eduardo dos Santos na liderança de Angola, nas
mais diversas fases do complexo contexto do país, com destaque para a
competitividade, a diversificação da economia, e a vontade política do Chefe de
Estado em criar emprego para combater a fome e a pobreza.15
Em Setembro
de 2014, José Eduardo dos Santos anunciou a cessação da acumulação do cargo de
governador provincial, com o de primeiro secretário provincial do MPLA.
Esta medida tinha como objectivo melhorar o funcionamento do aparelho da
administração provincial e das administrações municipais, de forma a ajustar o
modelo de governo ao novo contexto e maior procura dos serviços públicos.16
O papel de
José Eduardo dos Santos no desenvolvimento do sector petrolífero foi elogiado
em Londres, durante a abertura da primeira
conferência mundial anual de apoio ao empresariado nacional, que decorreu em
Outubro de 2014. O nome do Presidente angolano foi evocado pelo seu empenho na
inserção do empresariado nacional do ramo e na formação de quadros, bem como
pelo seu incentivo à formação dos jovens nacionais nas áreas técnicas, em
especial na engenharia petrolífera.17
Durante o V
Congresso Extraordinário do MPLA, decorrido de 4 a 6 de
Dezembro de 2014, em Luanda, o Presidente do
Partido e da República, José Eduardo dos Santos, foi elogiado pelos seus
esforços na condução dos destinos do Partido e da Nação.18 No discurso de abertura do Congresso,
José Eduardo dos Santos, referiu também que o partido nasceu num contexto
difícil, mas que assumiu o papel de guia do povo angolano, na luta pela
libertação de Angola.19 20
Em 2014, o
historiador e investigador angolano, Patrício Batsîkama, lançou um livro
intitulado "José Eduardo dos Santos e a ideia da Nação Angolana". A
obra questiona alguns aspectos do passado recente de Angola e responde a certas curiosidades em
relação à participação do Presidente da República na luta pela independência
nacional.21 22
José Eduardo
dos Santos foi eleito o "Homem do Ano 2014" pela revista Africa
World. Segundo a publicação, a escolha do líder angolano deve-se ao seu
contributo para o excelente processo de recuperação económica e democrática de Angola desde o fim da guerra.23 24 A 8 de Maio de 2015, o Presidente
angolano foi galardoado com o prémio de boa governação “Meafrica Award”, no Dubai,
nos Emirados Árabes Unidos.25 O Meafrica Awards é uma organização sem
fins lucrativos que distingue personalidades individuais que contribuem na
facilitação de investimentos e das relações económicas, para as economias em
desenvolvimento.26
Casamentos e descendência
Durante a
sua estadia na União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), José Eduardo dos
Santos casou-se pela primeira vez, com Tatiana Kukanova, natural do Azerbaijão,
de quem se divorciou mais tarde. Deste casamento tem uma única filha:
- Isabel José dos Santos (1973), casada em Luanda em 2003 com Sindika Dokolo
De Filomena
de Sousa tem um filho:
- José Filomeno dos Santos
De Maria
Luísa Perdigão Abrantes (23 de Julho de 1951), divorciada de Tito Luís Teixeira
de Araujo Zuzarte de Mendonça (Luanda, 28 de Outubro de 1948) e mãe de Tito
Luís Perdigão Abrantes Zuzarte de Mendonça (Luanda, 6 de Maio de 1975), com
quem nunca se casou, tem um filho e uma filha:
- Welwitschia José (Tchizé) dos Santos, casada com Hugo André Nobre Pêgo (6 de Maio de 1976), filho de José Sebastião da Mata Pêgo e de sua mulher Anabela Nobre (? - 2000)
- José Eduardo Paulino dos Santos
De Maria
Bernarda Gourgel tem um filho:
- José Avelino Gourgel dos Santos (28 de Dezembro de 1988)
Casou-se
pela segunda vez a 17 de Maio de 1991 com Ana Paula Cristóvão Lemos
(Luanda, 17 de Outubro de 1963). Antiga aeromoça do avião presidencial angolano, Ana Paula conheceu José Eduardo dos
Santos na época em que trabalhava nos voos presidenciais. Ela é filha de José
Cristóvão Lemos e de sua mulher Madalena Joaquim Breganha. Deste casamento tem
dois filhos e uma filha:
- Eduane Danilo Lemos dos Santos (29 de Setembro de 1991)
- Joseana Lemos dos Santos (5 de Abril de 1995)
- Eduardo Breno Lemos dos Santos (2 de Outubro de 1998)
Controvérsias
José Eduardo
dos Santos tem sido frequentemente associado à grande corrupção e ao
desvio de recursos do petróleo, em grande parte proveniente do enclave de Cabinda.
27 28 29 Sua família é detentora de imenso
patrimônio, que inclui casas nas principais capitais europeias, participações
em grandes empresas, holdings em paraísos fiscais e
contas bancárias na Suíça - um patrimônio acumulado ao longo de décadas de
exercício do poder. Seus oponentes o acusam de ignorar as necessidades sociais
e econômicas de Angola, concentrando seus esforços em amealhar riqueza para sua
família, ao mesmo tempo em que silencia a oposição ao seu governo.30 Em Angola, cerca de 70% da população
vive com menos de 2 dólares por dia, enquanto Santos e sua família
acumularam uma imensa fortuna, que inclui participações nas principais empresas
do país, bem como em grandes empresas estrangeiras.31
Santos
enriqueceu desde que assumiu o poder mas acumulou enorme quantidade de bens
sobretudo durante e depois das guerras civis angolanas . A partir do cessar-fogo, quando grande parte da economia do
país foi parcialmente privatizada, ele
assumiu o controle de diversas empresas emergentes e apoiou takeovers de várias outras companhias de
exploração de recursos naturais.32
Afinal o
Parlamento de Angola considerou ilegal que o presidente, pessoalmente, tivesse
participação financeira em empresas. Na sequência, a fortuna de sua filha, Isabel dos Santos, baseada na participação
acionária em várias empresas angolanas e estrangeiras, passou a crescer
exponencialmente.33 34 Paralelamente, o governo passou a
assumir o controle acionário em empresas que o presidente indiretamente
controlava.32
Ao mesmo
tempo, o orçamento
governamental chegou a 69 bilhões de dólares em 2012, graças aos
rendimentos proporcionados pelo petróleo, os quais saltaram de 3 bilhões de
dólares, em 2002, para 60 bilhões, em 2008.35 No entanto, segundo o Fundo Monetário
Internacional, 32 mil milhões de dólares das receitas de petróleo
simplesmente sumiram dos registros do governo. Afinal, descobriu-se que o
dinheiro faltante foi usado em "atividades quase fiscais".32 36
José Eduardo
dos Santos e o regime que representa tornaram-se alvo de protestos políticos
por parte dos jovens angolanos, desde fevereiro de 2011. Uma grande
manifestação pública realizada em Luanda, no início de setembro de 2011, foi
duramente reprimida pela polícia, com dezenas de pessoas detidas e vários
manifestantes feridos.37 A contestação ocorre sob outras formas,
inclusive pelo "kuduru" rap e através de redes sociais da Internet.38 . Ao mesmo tempo, registrou-se uma
significativa abstenção nas eleições de 2012 (37,2 %, contra 12,5 %
em 2008) e, em Luanda, onde vive um quarto da população do país e sua fração
mais politizada, a abstenção chegou a 42 % , enquanto o MPLA
(o partido de Santos) obteve apenas 25 % dos votos.39
Notas
· As informações
dadas sobre este período pela Embaixada de Angola em Atenas não são
inteiramente consistentes com as do site oficial do MPLA. Ver Biography of His Excellency Mr. Eng. José Eduardo dos
Santos, President of the Republic of Angola Embaixada de Angola em
Atenas. Visitado em 3 de outubro de 2011..
- · António Bento Bembe também era vice-presidente e secretário-geral da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) e ex-presidente da FLEC/Renovada até a sua fusão em 2004 com a FLEC/FAC de Nzita Tiago, radicado em Paris
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