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Os fins e os Meios: que ética da vida humana

Os fins e os Meios: que ética da vida humana
"Moral refere-se a uma forma particular de consciência social e histórica, que deriva de normas, princípios e valores (Ética) que regulam a conduta do indivíduo no interior do grupo onde vive."  Uma coisa é saber identificar a coisa certa a fazer (Moral), outra é saber porque é que fazer determinada coisa é a coisa certa (Ética).
"Valores são representações mentais que nós possuímos e que justificam as nossas escolhas. São realidades subjectivas e expressão da vontade de uma pessoa, da sua escala de preferências, que por sua vez são resultado da sua educação e da cultura da sociedade em que vive."
Quando fazemos escolhas, estamos a manifestar as nossas orientações pessoais para o que achamos ser melhor em determinada situação. Conjunto de valores e princípios que usamos para decidir as três grandes questões da vida: Eu Devo; Eu Quero; Eu Posso: Paz de espírito
Como definimos o que devemos, podemos e queremos fazer?
Os objectivos que pretendemos alcançar justificam os processos a que recorremos para os atingir, que, por piores ou terríveis que sejam os meios utilizados, estamos desculpados em função dos objectivos a alcançar.
Alguém transporta a sua filha para o hospital porque se encontra em perigo de vida. Durante o trajecto ultrapassa o limite legal de velocidade, não pára numa passadeira para peões e por duas vezes não respeita o sinal de STOP num cruzamento.
Imaginemos alguém que comete as mesmas infracções para chegar ao restaurante a horas de jantar com os amigos. Depende... Dos meios utilizados e Dos fins a atingir
Todas as vezes que realizo uma acção, eu sei que podia ter agido de maneira diferente. Todas as acções que eu levo por diante poderiam ter ocorrido de outra maneira. Quer dizer que os valores guiam a minha acção, são uma uma espécie de luz que ilumina determinado caminho. Devo preocupar-me com o outro na medida em que ele pode ser afectado pelas minhas acções. É isso que eu espero que façam os outros por mim.
Defende que é pela intenção do agente que devemos concluir o valor moral da acção. Ou seja, a vontade é boa, independentemente dos seus resultados, tenha ou não êxito, pois o que conta é a intenção com que o sujeito age. Defende que o que é decisivo para a avaliação moral das acções são as consequências, os efeitos produzidos. Ou seja, a avaliação de uma acção dependerá da quantidade de prazer ou bem-estar proporcionado ao maior número possível de pessoas.
Uma acção boa será uma acção com boas consequências para muita gente. O Jovem A, apercebendo-se que um idoso se prepara para atravessar uma rua extremamente movimentada, corre para o ajudar; entretanto, escorrega e cai no chão. Levanta-se rapidamente e retoma o caminho com algumas dores, o que faz com que tenha de ir mais devagar. Por causa disso, o idoso acaba por atravessar sozinho a rua.
Kant introduz uma distinção famosa: uma coisa é agir em conformidade com o dever; outra coisa bem diferente é agir por dever. Exemplo: se devolveu a carteira com receio de posteriormente ser descoberto ou para ser elogiado pela sua honestidade agiu em conformidade com o dever. Se devolveu a carteira simplesmente porque essa era a acção correcta agiu por dever, ou seja, só houve um motivo a influenciar a sua acção: fazer o que devia ser feito.Tudo depende do motivo ou da razão por que agiu honestamente.
Kant não admite que se cumpra o dever em virtude das desejáveis consequências que daí possam resultar. Seria deixar o cumprimento do dever ao sabor das circunstâncias, dos interesses do momento. Isso implicaria que quando não tivéssemos vantagem ou interesse em cumprir o dever não haveria razão alguma para o fazer.
As acções em conformidade com o dever não são acções contrárias ao dever. Contudo, nessas acções, para cumprir o dever precisamos de razões suplementares. Mais importante do que o cumprimento do dever é o nosso interesse pessoal.
As acções feitas por dever são acções em que o cumprimento do dever é um fim em si mesmo (cumprir o dever pelo dever). A vontade que decide agir por dever é a vontade para a qual agir correctamente é o único motivo na base da sua decisão. Dispensa razões suplementares, não age como diz o homem comum «com segundas intenções». Por outras palavras, perante uma regra ou norma moral como «Sê honesto», a vontade respeita-a sem qualquer outra intenção.
Do ponto de vista moral, entendido desta forma tão rigorosa, a única razão que existe para cumprir o dever é o respeito pelo dever. O motivo porque cumprimos o dever tem de ser absolutamente independente de interesses pessoais, de desejos – o desejo de agradar aos outros -, de sentimentos -a compaixão e o amor – e de traços de carácter como a generosidade. Consideremos o caso de uma pessoa que sempre que possível ajuda pessoas carenciadas. Age bem mas se o fizer porque lhe agrada ajudar os outros, porque é próprio do seu carácter ou porque lhe agrada o reconhecimento da sua bondade, a sua acção não é feita por dever. E isso, para Kant, apesar de não ser contrário ao dever, apesar de não ser censurável, não é moralmente valioso. Imagina, por outro lado, que o comerciante do nosso exemplo, age honestamente porque é próprio da sua natureza ou do seu carácter agir assim.
O que nos motiva quando cumprimos o dever é para a ética kantiana o problema decisivo. Não se trata simplesmente de cumprir o dever. A lei moral diz-nos de forma muito geral o seguinte: «Deves em qualquer circunstância cumprir o dever pelo dever». Pensa em normas morais como «Não deve mentir»; «Não deves matar»; «Não deves roubar». A lei moral, segundo Kant, diz-nos como cumprir esses deveres, qual a forma correcta de os cumprir.
Considera – se que a ética kantiana é deontológica porque defende que o valor moral de uma acção reside em si mesma e não nas suas consequências. As teorias deontológicas tendem a considerar que agir moralmente consiste em cumprir o dever pelo dever – em cumprir o que a lei moral exige de forma categórica. Há deveres absolutos ou, como diz Kant, perfeitos. O cumprimento destes deveres é obrigatório independentemente das consequências. Kant não admite que se cumpra o dever em virtude das desejáveis consequências que daí possam resultar.
Ética de Stuart Mill
A ética utilitarista é consequencialista porque considera nossa obrigação moral básica agir tendo em vista as melhores consequências. E que são boas consequências? Para Mill, a moralidade de uma acção resulta da sua capacidade para produzir o maior bem possível. Por maior bem possível entende Mill a felicidade geral. As acções são moralmente correctas se o seu objectivo for a promoção imparcial da felicidade ou do bem-estar para a maioria das pessoas por elas afectadas.A minha acção é boa ou má, consoante seja útil ou não para o maior número possível de pessoas. A teoria ética de Stuart Mill assume-se claramente como uma teoria consequencialista, na medida em que a moralidade da acção resulta do fim obtido, das consequências produzidas pela nossa acção.
Segundo a perspectiva deontológica de Kant, o que é uma acção moralmente boa? É uma acção feita por dever, que cumpre a lei moral considerando – a um imperativo categórico.

Segundo a perspectiva consequencialista de Mill, o que é uma acção moralmente boa? É uma acção cujos resultados contribuem para o aumento da felicidade ou para a diminuição da infelicidade do maior número possível de pessoas por ela afectadas. A este princípio ético básico deu Mill o nome de Princípio de Utilidade.

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