Era
da informação
Era
da informação (também conhecida como era digital ou era tecnológica) é o nome
dado ao período que vem após a era industrial, mais especificamente após a
década de 1980; embora suas bases tenham começado no princípio do século XX e,
particularmente, na década de 1970, com invenções tais como o microprocessador,
a rede de computadores, a fibra óptica e o computador pessoal.
Índice
1 A transição da era industrial para a
era da informação
2 O início da era da informação
3 Conclusão
4 Tendências
5 Ver também
A
transição da era industrial para a era da informação
A
Passagem de uma era importante para outra não acontece do dia para a noite. A
transição se dá a partir da sucessão de uma série de fatos que vão modificando
a sociedade. Para mostrar essa mudança vamos analisar o crescimento e a queda
dos operários - a classe trabalhista que mais caracterizou a Era Industrial.
Entender esse processo de ascensão e queda dos operários é compreender a
transição dessas duas eras, a Industrial para a da Informação.
Voltemos
um pouco no tempo para entender o movimento social mais transformador do século
XX. Antes da Primeira Guerra Mundial, os agricultores eram o maior grupo
isolado em todos os países, seguidos pelos empregados de serviços domésticos.
Só para se ter uma ideia da quantidade do segundo colocado: nos censos praticados
no ocidente no início do século XX, uma pessoa que tivesse apenas três desses
serviçais em casa era classificada como classe média baixa.
Como
esses dois grupos não possuíam capacidade de se organizar, eles fizeram pouco
alarde histórico e passaram quase despercebidos ao longo dos anos. Os
agricultores dessa época organizaram apenas duas revoltas realmente
expressivas, a rebelião de Taiping, em meados do século XIX, e a Guerra dos
Boxers, no seu final. As duas aconteceram na China. Porém pouco se fez no resto
do mundo. Já os empregados domésticos nunca apareceram em uma passeata pública
de sua classe.
Esses
dois grupos foram desprezados por Karl Marx (1818-1883) em seu estudo ''O
Capital''. Contrariando o que este autor previu décadas antes, em 1900, eles
não haviam se tornado maioria na sociedade. Portanto, não conseguiriam subjugar
os capitalistas somente pelo número. A força desse grupo cresceu na medida em
que aumentava a sua organização. Eles foram a primeira classe na história que
podia se organizar, e mais importante que isso, permanecer unida por bastante
tempo.
Georges
Sorel (1847-1922), o escritor mais radical do período anterior à I Guerra,
ex-marxista e revolucionário sindicalista, lhes atribui grande importância
quando afirmou que os proletários iriam tomar o poder através de uma greve
geral e com a violência. Esse autor foi usado pelos ditadores Stalin, Hitler,
Mussolini e mais tardiamente por Mao para gerar guerras. Os operários de 1913
não possuíam quase nenhum benefício, e 50 anos depois eram o maior grupo
isolado de todos os países desenvolvidos com vantagens trabalhistas, que iam
desde a segurança no emprego até assistência de saúde e educação. Os seus
sindicatos se tornaram forças políticas no mundo todo.
Esse
crescimento ocorreu a partir da migração dos camponeses e funcionários
domésticos para a indústria. De forma alguma isso foi imposto. Eles viam na
dedicação à essa nova ocupação mais vantagens do que em seus antigos ofícios.
Começamos
pela análise de que as primeiras fábricas eram de fato "Usinas
Satânicas" do grande poema de Willian Blake (1757-1827). Mas o campo não
era "terra verde e agradável da Inglaterra", do mesmo poema, na
verdade era um cortiço ainda mais inóspito. O que comprova isso é que a mortalidade
infantil caiu drasticamente com o êxodo rural e com a conseqüente preocupação
em manter as pestes longe das cidades. Outro ponto que favoreceu o crescimento
dos operários foi o fato de que, realmente, eles viviam na miséria e eram
explorados, mas viviam melhor do que nas fazendas e casas de famílias onde eram
ainda mais mal tratados. Os proletários também tinham um tempo definido para
trabalhar, o que restava era seu para fazer o que bem entendesse. Isso não
acontecia com os que trabalhavam no campo ou em casas familiares, em que a toda
hora poderiam ser solicitados.
Para
os agricultores e empregados domésticos o trabalho na indústria era uma
oportunidade - de fato a primeira que lhes havia dado - para melhorar de vida
sem precisar emigrar. A qualidade de vida aumentava a cada geração. E isso
estimulava ainda mais essa migração.
Durante
o século XIX a produtividade dessa classe aumentou cerca de 4% ao ano, o que
gerou praticamente todos os ganhos dessa época. Boa parte desse resultado ficou
nas mãos dos próprios trabalhadores, que multiplicaram seu salário cerca de
vinte e cinco vezes e reduziram quase pela metade as suas horas de trabalho.
Portanto, havia razões de sobra para que a ascensão do trabalhador industrial
fosse pacífica e não violenta como previra Marx.
A
queda dessa expressiva classe vem acontecendo rapidamente desde o final da II
Guerra Mundial. O trabalhador industrial tradicional tem sido substituído por
um tipo de trabalhador que Peter Drucker chamou em seu livro ''Landmarks of
Tomorrow'', de 1959, de trabalhador do conhecimento. Este funcionário é uma
pessoa que alia o trabalho manual com o teórico. São exemplos dessa classe:
técnicos de raios-X, fisioterapeutas, anestesistas, técnicos de computador,
etc. Esse é o grupo de trabalho que mais rapidamente cresce no mundo. No
presente momento 75% da riqueza mundial é gerada por trabalhadores dessa
natureza, em contraste com o número em 1975: apenas 25% .
O
início da era da informação
Vejamos
a opinião de dois estudiosos que determinam uma data exata e um motivo do
início dessa transição:
Peter
Drucker, renomado consultor de empresas e autor de dezenas de livros sobre o
assunto, foi a primeira pessoa a chamar o momento que estamos vivendo de era da
informação. É dele também o livro Administração em Tempos de Grandes Mudanças,
que expõe claramente esse novo paradigma social. Este livro demonstra que
podemos determinar o início da Era da Informação a partir da atitude dos
soldados americanos que, após voltar da II Guerra Mundial, tinham como uma das
principais exigências as suas colocações imediatas em alguma universidade. Hoje
isso pode parecer óbvio, mas na época foi muito marcante visto que aqueles que
voltaram da I Guerra aspiravam apenas por um emprego seguro. Neste momento, por
volta de 1946, o conhecimento já estava sendo mais valorizado do que o trabalho
simplesmente operacional.
O
sociólogo estadunidense Daniel Bell (nasceu nos Estados Unidos em 1919)
determina que a Era da Informação tem seu marco primordial uma década depois,
em 1956, quando o número de "colarinhos brancos" ultrapassou o de
operários no seu país. Ao perceber isso ele advertiu: "Que poder operário
que nada! A sociedade caminha em direção à predominância do setor de
serviços." Ou seja, o poder direcionava-se àqueles que possuíam algum tipo
de conhecimento que interessava a outros.
Conclusão
Vivemos
realmente em um momento de muitas transformações, não há como negar que estamos
em outra Era. O trabalho atual se parece muito pouco com a forma mecânica
adotada na Era Industrial.
Tanto
o comércio quanto as comunicações se caracterizam por ser extremamente
dinâmicas. Cada vez mais o conhecimento é valorizado. Podemos prever que o
acúmulo de informação, muito em breve, terá o mesmo valor que tinha o acúmulo
de patrimônio há pouco tempo.
Passou-se
a dar valor ao homem num todo, não somente a capacidade física que ele possui.
Tendências
Algumas
tendências já podem ser determinadas:
1.
O aprendizado contínuo se torna imprescindível.
Aprender
como aprender é a mais importante lição que podemos desenvolver em nossos dias.
2.
É preciso especializar-se, unindo conhecimento teórico ao pragmatismo.
Quando
os agricultores e funcionários domésticos passaram a trabalhar na indústria
eles não precisaram de nenhum conhecimento específico. Afinal, apertar
parafusos era mais simples que as atividades que eles já faziam. Hoje o
operário que queira migrar para o trabalho do conhecimento necessita adquirir
um tipo de informação específica que lhe valha seu salário. Cada vez mais as instituições
de ensino devem deixar de lado o conhecimento por si só e ensinar aquilo que
poderá ser aplicado no campo de trabalho que a pessoa deseja atuar.
3.
As empresas devem esquecer a premissa de conquistar resultados com baixos
salários.
Uma
crença generalizada, em especial por parte dos líderes sindicais, é que a queda
do trabalhador industrial nos países desenvolvidos deveu-se totalmente à
passagem da produção para o exterior, para países de abundância de mão-de-obra
barata. Isso não é verdade.
Para
exemplificar, nos anos 90 uma parte insignificante dos bens manufaturados
importados pelos Estados Unidos foi produzida no exterior devido aos baixos
custos de mão-de-obra. Enquanto o total de importações em 1990 representou
cerca de 12 % de renda bruta americana, as importações de países com baixos
salários representavam menos de 3% e apenas 1,5% eram manufaturados. Isso não
explica porque esse país tinha de 30 a 35% dos empregos nessa área e hoje tem
apenas de 15 a 18%. Além do mais, a principal concorrência para a manufatura
americana vem de automóveis, aço e máquinas e que vêm do Japão e Alemanha,
países que têm salários até mais altos que os estadunidenses.
4.
A vantagem hoje está na boa aplicação do conhecimento.
Alemanha
e Japão têm ganhado a concorrência dos EUA, pois estão sabendo aplicar melhor o
conhecimento nesses setores do que seus concorrentes. Vemos isso ocorrendo nos
processos como o just in time e o toyotismo. Que tornam a produção mais eficaz
reduzindo o custo da produção. Nestes processos há uma enorme troca de
informações entre os trabalhadores e essa metodologia tem como premissa o
aperfeiçoamento contínuo. Aprendizado contínuo que é característica da Era da
Informação.
O
toyotismo mostra nitidamente a diferença entre a Era Industrial, que tinha o
modelo fordista, e o atual. Antigamente não havia aprimoramento da base para o
topo. Os gerentes não aprendiam com os seus subordinados, apenas lhe davam
ordens. As orientações vinham de cima e o funcionário as seguia. No modelo
atual o conhecimento técnico, além de ser imprescindível, recebe estimulo ao
desenvolvimento. Aprimorando-se sempre e tornando o processo cada vez melhor.
5.
O poder está na mão das pessoas com conhecimento.
Mais
uma premissa de Marx que não se concretizou é a de que o operário não possui e
nem poderá possuir as ferramentas de produção, portanto ele é
"alienado" e o capitalismo sempre o dominará.
Hoje,
as ferramentas são os conhecimentos que cada trabalhador especializado possui.
O conhecimento não possui mais uma escala de valores, cada situação precisará
de um tipo de know-how específico. Se o paciente chega ao hospital com a unha
encravada, de nada adianta um neurocirurgião atendê-lo. Embora esse médico
tenha estudado mais de 15 anos sua especialidade, naquele momento seu
conhecimento não tem valor algum. Quem deve fazer o trabalho é a pessoa que tem
aquele tipo de habilidade. Essas ferramentas estão acessíveis a todos. Nunca
foi tão barato obter informações e ao mesmo tempo, nenhuma época as atribuiu
tanto valor.
De
nada adianta uma linda sala de cirurgia se o profissional é mal pago e não
possui conhecimento suficiente a ponto de fazer a operação a contento. Hoje, as
empresas dependem muito mais dos funcionários do que estes delas, o maior valor
agregado das companhias está na cabeça de seus colaboradores. O mau desempenho
não pode mais ser atribuído a fatores como a pobreza ou conspirações
comerciais. Ele só pode vir de ignorância na aplicação de conhecimento.
6.
A era da informação está sendo mais do que uma mudança social. Ela é uma
mudança na condição humana.
Na
nossa época, quantidade de esforço não significa mais resultado. Mãos calejadas
não são mais sinônimo de trabalho honesto. Será a capacidade criativa e
pensante, que sempre nos diferenciou dos demais animais, que determinará o
sucesso das pessoas na economia mundial.
Quais
serão os novos compromissos da sociedade, o que ela vai significar e para onde
rumará nosso trabalho, não temos como saber. O que podemos afirmar com certeza
é que serão diferentes, cada vez mais.
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